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Advogada, Professora, Especialista em Direito Administrativo; Direito Previdenciário; Pedagogia Escolar: supervisão e orientação; Metodologia da Ciência; Metodologia do Ensino Superior e Direito Educacional. Representante do Fórum Paranaense da Pessoa Idosa no Conselho Estadual do Direito da Pessoa Idosa do Paraná – CEDI PR, integrante do Fórum Paranaense da Pessoa Idosa – FPPII, Membro Efetivo da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil - seção Paraná e Membro Efetivo da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil - ,seção Paraná,. Estudiosa do Envelhecimento, Longevidade e dos Direitos inerentes à Pessoa Idosa. E-mail: adv.rosangela.s@gmail.com

15 março 2019

ATÉ QUANDO?


Atualmente vivenciamos a deterioração nas relações humanas. Enquanto houver impunidade e o acabrunhar autorizado por meio de discursos falaciosos e oportunistas que incitam e fazem aflorar nos sujeitos todas as formas de preconceito e discriminação, inexistirá consciência do valor da vida humana.
Assim, presenciamos a inversão de valores humanos na sociedade contemporânea. Estamos diante de uma sociedade pacífica e inerte que aceita como normal os inúmeros ataques ao seu semelhante, sem se dar conta de que, quando se é formulada uma justificativa para ações incoerentes e desproporcionais ao agravo sofrido, contribuímos direta e indiretamente com a propagação da violência, seja ela de ordem física, moral ou psíquica.
Os atos que buscam ofender e/ou desmoralizar e/ou oprimir e/ou excluir e/ou chacotear e/ou chantagear e/ou invadir a privacidade e/ou eliminar o próximo, sejam cometidos de forma explicita e/ou implícita, perfazem as inúmeras faces da violência.
Dito isso, observa-se de que não poucas vezes aceita-se como normal uma “brincadeira” quando na verdade ela representa o rebaixamento de uma pessoa ou de uma determinada parcela da sociedade. Todavia, quando ocorre um ato em grandes proporções como é o caso de atentados, nos quais as mortes se dão de forma trágica e inesperada, a sociedade clama por segurança, justiça e busca apontar culpados. Neste caso todos entendem de que não se trata de mera “brincadeira”.
Se o que diferencia o ser humano dos animais é a capacidade de raciocinar, onde está a coerência entre o ato “brincadeira” e o “trágico”? Quantas tragédias serão necessárias até que os “humanos” compreendam de que todo infortúnio é acompanhado de prenúncio?
A ambição pelo poder não pode e não deve sobrepor os valores humanos. Pecamos, erramos e somos cumplices quando nada fazemos para assegurar o convívio harmônico entre os “humanos”. A omissão de buscar compreender o outro e de não respeitar todas as formas de diferenças que há entre os seres humanos favorecem o surgimento de fatalidades.
Cada indivíduo de um modo ou de outro, de um momento para outro pode explicitar uma forma de comportamento reprovável aos padrões societários da época. Todavia, sob esse prisma, quando o sujeito encontra terreno fértil e seguro para expor aquela espécie comportamental, torna-se desumano e cruel. É capaz de matar para fazer valer a sua forma de pensar e agir.
Frente ao exposto compreende-se de que inexiste tão somente a violência por meio de instrumentos letais. São inúmeras as formas de cometimento de atos agressivos. Assim sendo, nota-se de que, atualmente, é necessário aprofundar o estudo sobre as diversas faces da violência velada, pois é por meio de atos considerados como “brincadeira” e/ou “normais” que decorrem os grandes espetáculos de sangue e dor.
Não basta apenas ficar atônico e baixar a guarda para ser solidário a dor de seu semelhante diante de uma desgraça dita, em muitas vozes, “inesperada” que em verdade já vinha sendo arquitetada e anunciada. Atos violentos comovem, mas dificilmente promovem a reflexão dos sujeitos dentro da sociedade.
Da forma como está estruturada a sociedade atual, ela não é mais nem menos de que uma junção de diversos grupos que pensam e agem de forma diversa, sem compromisso com o todo. São inúmeras “irmandades” que julgam deter a “verdade absoluta”. Seus membros, intolerantes e agressivos, buscam nesta agremiação demonstrar poder e domínio.
É imprescindível a aprendizagem a partir dos próprios erros. O mundo atual está numa UTI. Enquanto não houver solidariedade e compaixão pelo semelhante no lugar da defesa e justificativa de que este ou aquele ato é permissível porque determinado sujeito discursa que é a melhor forma para evitar danos maiores, continuaremos contribuindo para o extermínio da raça humana. A palavra do momento é reflexão para, assim, buscar uma convivência harmoniosa e livre da imposição de paradigmas.