SÍNDROME DE BURNOUT
Uma
das marcas da sociedade moderna é o avanço tecnológico, científico e social. As
mudanças no modo de viver e conviver entre os indivíduos, devido a dinamicidade
do mundo contemporâneo, criam, cada vez mais, expectativas e novas
necessidades.
Vivencia-se
no âmbito escolar a dicotomia entre o conhecimento historicamente construído e
o acesso imediato aos meios de comunicação. Desse modo, a comunidade estudantil
espera encontrar respostas a todas as questões por meio eletrônico, de forma
imediata, ignorando os conhecimentos transmitidos através das argumentações
escritas e orais daqueles que são comprometidos com a socialização do
conhecimento e com o ensino aprendizagem: os professores.
Além
disso, o trabalho do docente em sala de
aula é imbuído por diversos fatores conflitantes que causam grande desgaste
físico e psicológico. Entre os enfrentamentos diários que contribuem para o
adoecimento dos professores, destacam-se os de cunho racial, econômico, social
e cultural. Esses trabalhadores, muitas vezes, impossibilitados para novas adaptações a situações, tornam-se prisioneiros de seus medos e angustias, são
incapazes de relaxar, de desfrutar momentos de lazer e férias. A atividade cerebral não cessa, os momentos de
insatisfação e de mal estar perduram além do horário de trabalho. Assim, reagem
com constantes ausências ao serviço, agredindo verbalmente e fisicamente
alunos, colegas de profissão, familiares, entre outros.
O
professor doente nega o fato e/ou não acredita
que o seu sofrimento decorre de transtornos emocionais e físicos resultado do
excessivo trabalho em sala de aula. Doentes, zombam das normas e rotinas do
ambiente de trabalho, ironizam qualquer situação, são incapazes de realizações
e conquistas, renunciam suas vidas e suas aspirações. Esses fatos geram a perda
de paciência nas relações interpessoais, cuja consequência é o sentimento da
impotência e desanimo frente as atividades cotidianas.
Por
vezes não se trata apenas de depressão profunda. A soma dos diversos fatores
individuais e ambientais que envolvem esse profissional devem ser objeto de
estudo para a eficácia do tratamento médico. Cabe ao profissional da
saúde, percebendo a presença do
sentimento da desvalorização expressa na
sensação de que todos os objetivos a que esse indivíduo se propôs falharam,
adicionados a indiferença e frieza generalizadas na realização das
tarefas diárias, verificar se esse sujeito é ou não portador da Síndrome de Burnout.
Os
sintomas da Síndrome do Desgaste Profissional ou Síndrome de Burnout, muitas
vezes são confundidos com um esgotamento
emocional até que se torne crônico, acarretando sentimentos de fracasso e baixa
autoestima, acompanhados de sintomas físicos como a exaustão, a alteração no
sono e problemas gastrointestinais.
Essa
síndrome se caracteriza pelo estresse ocupacional e institucional e
manifesta-se, principalmente, nos profissionais cuja profissão exige
envolvimento interpessoal direto e intenso, como é o caso do professor.
É
típico da síndrome de Burnout a sensação de esgotamento físico e
emocional expressa em atitudes negativas, como ausências no trabalho,
agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade,
dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão,
pessimismo, baixa autoestima, dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese,
palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma e
distúrbios gastrintestinais. O tratamento inclui o uso de antidepressivos e
psicoterapia.
Professora
há 28 anos e portadora da Síndrome de Burnout, apresentei os primeiros sintomas
no ano de 2004. Durante dois anos o diagnóstico fora o de depressão, o que
gerou inúmeros afastamentos do trabalho. Muitas vezes discordava dos laudos
médicos e não aceitava o fato de estar doente. Essa negação gerou diversas
substituições de médicos.
Passados
três anos de muito sofrimento, dominada pela apatia e desinteresse extremo por
todas as relações que envolviam o trabalho, abarcada por problemas de
relacionamento com as direções dos estabelecimentos em que atuava, autora de conflitos diários com colegas de
trabalho e família e dominada pelo sentimento de estar tudo acabado, uma amiga,
sensibilizada pelo meu total descontrole e pessimismo quanto ao futuro,
convenceu-me a buscar outro parecer
junto ao seu profissional de confiança.
Esse
médico, depois de ouvir o relato de todos os anos da doença afastou-me dos
trabalhos em sala de aula. Passei a trabalhar todos os dias nos mesmos
Estabelecimentos de Ensino, porém sem adentrar em sala de aula, sem o contato
direto com os alunos. A prática decorrente dos anos no magistério e dos
conhecimentos em outras áreas da educação, oportunizaram o exercício de outra
atividade pedagógica junto aos professores dos Estabelecimentos e, aos poucos
recobrei o ânimo para novos projetos.
Com
o tratamento correto continuei desenvolvendo atividades pedagógicas produtivas
nos mesmos Estabelecimentos de Ensino. Hoje, com a Síndrome de Burnout
controlada consigo enxergar o futuro e, desse modo, redescobri a vontade de
viver e sorrir. (Rosangela Schmidt)
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