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Advogada, Professora, Especialista em Direito Administrativo; Direito Previdenciário; Pedagogia Escolar: supervisão e orientação; Metodologia da Ciência; Metodologia do Ensino Superior e Direito Educacional. Representante do Fórum Paranaense da Pessoa Idosa no Conselho Estadual do Direito da Pessoa Idosa do Paraná – CEDI PR, integrante do Fórum Paranaense da Pessoa Idosa – FPPII, Membro Efetivo da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil - seção Paraná e Membro Efetivo da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil - ,seção Paraná,. Estudiosa do Envelhecimento, Longevidade e dos Direitos inerentes à Pessoa Idosa. E-mail: adv.rosangela.s@gmail.com

25 agosto 2013


SÍNDROME DE BURNOUT

            Uma das marcas da sociedade moderna é o avanço tecnológico, científico e social. As mudanças no modo de viver e conviver entre os indivíduos, devido a dinamicidade do mundo contemporâneo, criam, cada vez mais, expectativas e novas necessidades.

            Vivencia-se no âmbito escolar a dicotomia entre o conhecimento historicamente construído e o acesso imediato aos meios de comunicação. Desse modo, a comunidade estudantil espera encontrar respostas a todas as questões por meio eletrônico, de forma imediata, ignorando os conhecimentos transmitidos através das argumentações escritas e orais daqueles que são comprometidos com a socialização do conhecimento e com o ensino aprendizagem: os professores.

            Além disso,  o trabalho do docente em sala de aula é imbuído por diversos fatores conflitantes que causam grande desgaste físico e psicológico. Entre os enfrentamentos diários que contribuem para o adoecimento dos professores, destacam-se os de cunho racial, econômico, social e cultural. Esses trabalhadores, muitas vezes, impossibilitados para  novas adaptações a situações, tornam-se  prisioneiros de seus medos e angustias, são incapazes de relaxar, de desfrutar momentos de lazer e férias. A  atividade cerebral não cessa, os momentos de insatisfação e de mal estar perduram além do horário de trabalho. Assim, reagem com constantes ausências ao serviço, agredindo verbalmente e fisicamente alunos, colegas de profissão, familiares, entre outros.

            O professor doente nega o fato e/ou não  acredita que o seu sofrimento decorre de transtornos emocionais e físicos resultado do excessivo trabalho em sala de aula. Doentes, zombam das normas e rotinas do ambiente de trabalho, ironizam qualquer situação, são incapazes de realizações e conquistas, renunciam suas vidas e suas aspirações. Esses fatos geram a perda de paciência nas relações interpessoais, cuja consequência é o sentimento da impotência e desanimo frente as atividades cotidianas.

            Por vezes não se trata apenas de depressão profunda. A soma dos diversos fatores individuais e ambientais que envolvem esse profissional devem ser objeto de estudo para a eficácia do tratamento médico. Cabe ao profissional da saúde,  percebendo a presença do sentimento  da desvalorização expressa na sensação de que todos os objetivos a que esse indivíduo se propôs falharam, adicionados a indiferença e frieza generalizadas na realização  das  tarefas diárias, verificar se esse sujeito  é ou não portador da Síndrome de Burnout.  

            Os sintomas da Síndrome do Desgaste Profissional ou Síndrome de Burnout, muitas vezes  são confundidos com um esgotamento emocional até que se torne crônico, acarretando sentimentos de fracasso e baixa autoestima, acompanhados de sintomas físicos como a exaustão, a alteração no sono e problemas gastrointestinais.

            Essa síndrome se caracteriza pelo estresse ocupacional e institucional e manifesta-se, principalmente, nos profissionais cuja profissão exige envolvimento interpessoal direto e intenso, como é o caso do professor.

            É típico da síndrome de Burnout  a sensação de esgotamento físico e emocional expressa em atitudes negativas, como ausências no trabalho, agressividade, isolamento, mudanças bruscas de humor, irritabilidade, dificuldade de concentração, lapsos de memória, ansiedade, depressão, pessimismo, baixa autoestima, dor de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, insônia, crises de asma e distúrbios gastrintestinais. O tratamento inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia.

            Professora há 28 anos e portadora da Síndrome de Burnout, apresentei os primeiros sintomas no ano de 2004. Durante dois anos o diagnóstico fora o de depressão, o que gerou inúmeros afastamentos do trabalho. Muitas vezes discordava dos laudos médicos e não aceitava o fato de estar doente. Essa negação gerou diversas substituições de médicos.

            Passados três anos de muito sofrimento, dominada pela apatia e desinteresse extremo por todas as relações que envolviam o trabalho, abarcada por problemas de relacionamento com as direções dos estabelecimentos em que atuava,  autora de conflitos diários com colegas de trabalho e família e dominada pelo sentimento de estar tudo acabado, uma amiga, sensibilizada pelo meu total descontrole e pessimismo quanto ao futuro, convenceu-me  a buscar outro parecer junto ao seu profissional de confiança.

            Esse médico, depois de ouvir o relato de todos os anos da doença afastou-me dos trabalhos em sala de aula. Passei a trabalhar todos os dias nos mesmos Estabelecimentos de Ensino, porém sem adentrar em sala de aula, sem o contato direto com os alunos. A prática decorrente dos anos no magistério e dos conhecimentos em outras áreas da educação, oportunizaram o exercício de outra atividade pedagógica junto aos professores dos Estabelecimentos e, aos poucos recobrei o ânimo para novos projetos.

            Com o tratamento correto continuei desenvolvendo atividades pedagógicas produtivas nos mesmos Estabelecimentos de Ensino. Hoje, com a Síndrome de Burnout controlada consigo enxergar o futuro e, desse modo, redescobri a vontade de viver e sorrir. (Rosangela Schmidt)

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