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Advogada, Professora, Especialista em Direito Administrativo; Direito Previdenciário; Pedagogia Escolar: supervisão e orientação; Metodologia da Ciência; Metodologia do Ensino Superior e Direito Educacional. Representante do Fórum Paranaense da Pessoa Idosa no Conselho Estadual do Direito da Pessoa Idosa do Paraná – CEDI PR, integrante do Fórum Paranaense da Pessoa Idosa – FPPII, Membro Efetivo da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil - seção Paraná e Membro Efetivo da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil - ,seção Paraná,. Estudiosa do Envelhecimento, Longevidade e dos Direitos inerentes à Pessoa Idosa. E-mail: adv.rosangela.s@gmail.com

24 maio 2013


ALÇAR VOO

ROSANGELA SCHMIDT

          Um pássaro pula de galho em galho, parte rumo ao infinito, plana e, ao pousar, a melodia do seu canto irradia alegria.

          Certo dia o pássaro pára de voar e alegrar a vida, torna-se por longo período triste e cabisbaixo,  pensa.... mas resiste de todas as formas, esforça-se para alçar voo, cai inúmeras vezes, machuca-se, porém não desiste, segue de modo árduo, é perseverante e, um dia, cansado de tanto insistir naquilo que parece ser  impossível, encontra alguém que o acolhe, lhe dá carinho, cuida e ajuda a  libertar-se de dores, até então, compreendidas como intransponíveis e, segue, agora não mais sozinho.

          Numa manhã fria de inverno, o pássaro, reinicia a tentativa de voo e  neste momento o céu torna-se o seu limite. Parte em linha reta rumo ao infinito, dá cambalhotas no ar, realiza imensos círculos, abre suas asas e plana..... pousa no galho mais alto e canta, canta a felicidade que enche e fortifica cada vez mais seus seus frágeis pulmões..... seu canto ecoa longe, todos páram e admiram..... nunca viram tamanha grandeza numa melodia. É o som da liberdade, da superação por meio da acolhida.

          Muitos anos se passaram e esse pássaro tornou-se cada vez mais feliz, sua pequena existência ganhou sentido, encontrou a felicidade de viver, de vencer e seguiu agradecendo, sempre, pelo dom da vida.

          Nem todas as histórias possuem final feliz. Certa tarde, o pássaro, em pleno voo tem uma de suas asas fraturadas, cai, esborracha-se no solo. A melodia do seu canto é de dor, de tristeza ao sentir que faltam forças para seguir. Muitos que o veem nesse momento de pesar, olham sem nada compreender. Inerte, com o olhar perdido no infinito, o pássaro, reflete sobre o porque dos acontecimentos, não compreende as causas que levaram-no a um novo sofrimento. Encontra-se, ele,   sem perspectiva, desesperado. O seu canto é de tristeza, sente o chegar da hora de não mais dividir as alegrias de estar vivo com o som do vento, o frio da madrugada, o nascer e o por do Sol, as gotas da chuva sobre seu corpo e tantos outros acontecimentos que passam diariamente sem serem percebidos. Está só e não quer ninguém do seu lado, deseja ficar com seu fardo, lamenta-se, sofre em silêncio.

          Não era até então, do conhecimento do pássaro, que muitos o amavam e que além de admirarem o seu canto cantarolavam ao som dele, o pássaro refletia alegria sempre que surgia. No momento em que o canto silenciou, muitos procuraram saber do acontecido. O pássaro fechado no seu mundo cala-se. Muitos desistiram e buscaram outros meios que alegrassem suas vidas. Entretanto, alguns insistiram, permaneceram ao seu lado, fizeram com que o pássaro, ressoasse  numa última melodia seus sentimentos  que tocou os corações daqueles que insistiam em ficar e, assim, ampararam o pássaro de asa quebrada para que pudesse refletir sobre o amor que unia ele aos que sempre acreditaram na sua força, otimismo e alegria de enxergar o mundo sempre numa perspectiva positiva.

          O pássaro, muito machucado e demais desesperançado, encolheu-se nos braços abertos à sua frente e, neste momento a dor do seu canto feriu profundamente as almas de todos que estavam ao seu redor. Aos poucos, aqueles que o amparavam, compreenderam o significado dessa asa quebrada para o pássaro e vivenciaram uma dor sem limites, na qual não cabiam palavras e, sim, o acolher, o calor humano. A única forma de ajuda encontrada foi a solidariedade, nada mais poderia ser feito, a asa não mais retornaria ao status quo ante, mas o pássaro deveria aceitar e continuar lutando com forças além das imagináveis, em busca da superação.

          Hoje, o pássaro encontra-se feliz dentro de suas limitações. Busca sentir cada dia como único e vive de forma a retirar, dos momentos que ainda pode usufruir, as alegrias, o amor a esperança de continuar por muitos anos vivendo, mesmo com limitações, junto daqueles que sempre acreditaram na sua força, não o abandonaram no momento mais delicado e desesperançado que envolveu sua frágil existência.

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