Em rodas de conversa com pessoas 60+, é unânime entre elas a percepção de que os anos passaram muito rápido e que é difícil acreditar que já fazem parte do público denominado Pessoa Idosa.
As justificativas mais
recorrentes sobre este lapso temporal não contabilizado por elas, é que a preocupação
com os filhos e a responsabilidade com os deveres profissionais e familiares, fizeram com que o processo de envelhecimento ocorresse sem que percebessem o
tempo voar.
E, hoje, como
Pessoas Idosas, analisam que o envelhecimento se deu ao longo das décadas, mas
que em períodos pretéritos não havia tempo para parar e pensar nas mudanças que
incidiam em seus corpos e mentes.
Houve incompreensão
de que o passado não volta e que nestes períodos transcorridos faltou, a época,
discernimento e sensibilidade
para perceber que estavam abrindo mão de participar e abraçar o próprio
processo de envelhecimento. Foram omissos e inertes no protagonismo de suas
vidas, deixando de interagir mais na vida social, de buscar outras formas de
relacionamentos fora do contexto familiar e permitiram que muitos afazeres e
problemas cotidianos monopolizassem o tempo destinado à diversão, ao convívio
intergeracional, às amizades constituídas na infância, adolescência e na
juventude.
É claro que, na
condição de seres humanos, o processo de envelhecer nos acompanha desde a
fecundação. Infelizmente, quando atingimos a fase adulta, frente às obrigações
impostas pela rotina, tornamo-nos prisioneiros das responsabilidades com a vida
profissional e familiar.
A sociedade contemporânea
exige de cada cidadão e cidadã uma parcela de sacrifico. Talvez a parte mais
abandonada por nós seja a de viver e conviver cada instante como único,
valorizando e aprendendo, por meio de pausas nas exigências diárias, com todos
os bons e maus momentos vivenciados, prezando as amizades constituídas neste
caminho da evolução humana, buscando novas experiências e integrando e agregando,
efetivamente, em segmentos, da educação, da intergeracionalidade, do lazer, no ambiente laborativo,
da cultura, do esporte, da diversão, dos produtos e serviços, bem como de
movimentos sociais trazendo a memória e a identidade cultural da comunidade em
que somos parte.
O mais trágico
dentro deste contexto é que, indivíduos que ainda não integram o grupo de
Pessoas Idosas, ignoram as experiências e contribuições que uma pessoa 60+ é
capaz de transmitir. É notório que quem não faz parte dessa parcela da
sociedade não se vê como uma futura Pessoa Idosa, porém o processo de
envelhecimento é implacável, todos irão envelhecer!
Aponta-se que o
pior inimigo das Pessoas Idosas, no mundo hodierno, é a discriminação em razão da
idade. Apesar dos avanços nas Políticas Públicas e Legislativas no segmento da
Pessoa Idosa, ainda um número expressivo de indivíduos impedem e/ou dificultam
o acesso do público 60+ aos instrumentos necessários ao exercício da cidadania.
Da mesma forma, com justificativas de cunho subjetivo, oportunizando pessoas mais jovens, privam e/ou dificultam, sem justa causa, a Pessoa Idosa que tem formação e
prática acadêmica, para atuar na conscientização de diversos públicos sobre o
processo de envelhecimento, cujo objetivo central é eliminar qualquer forma de violência cometida
contra a Pessoa Idosa, garantindo, assim, que o envelhecimento se dê de forma
saudável e em condições de igualdade e de dignidade.
Concluindo,
enquanto não houver ações efetivas para conscientizar os mais jovens sobre o
processo de envelhecimento humano no qual todos os indivíduos estão incluídos,
as Pessoas Idosas estarão fadadas a exclusão do convívio social, sob argumentos
depreciativos da imagem e dos direitos da pessoa 60+ na sociedade; pejorativos
por meio de ofensas e humilhações com o intuito de denegrir a imagem das
Pessoas Idosas e; discriminativos com objetivo de marginalizar as pessoas 60+,
utilizando como base as diferenças e comparando de modo desfavorável o
tratamento dispensado a ela aos demais cidadãos e cidadãs, somente em razão da
idade.
Dra. Rosangela Schmidt
Valorizar o ser humano, independentemente de sua idade, cor, raça, religião, corrente política e classe social, transforma uma sociedade preconceituosa em solidária |
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